A pancada que atingira sua vaidade, sua integridade, sua verdade fora tão intensa quanto a visão reluzente do brasão da família e os gestos demonstrados por aquele que pegara em sua mão e preenchera os buracos de sua casa com sons e olores harmoniosos.
Quando Tereza abriu os olhos estava dentro de um grande túnel cheio de lodo, intrigas, lama, mentiras; pálida estava sua tez branca, assustados e nervosos seus belos olhos castanhos, ao tentar tocar seus cachos, não os encontrou.
O ardil penetrara em seu juízo empalidecendo sua verve. Aninhara espinhos em seu seio e ao feri-la com hediondos perjúrios, sua decência fora confrontada.
Ouvia ao longe uma nênia que a fez estremecer - "Preciso sair daqui" - Levantou-se e tateando as paredes úmidas do túnel, Tereza procurava a saída. O lugar lhe afligia e lhe causava calafrios, nem tanto pela solidão, mais pelos pérfidos sussuros, pelas gargalhadas macabras, pelos impios gritos, além daquela fúnebre canção.
Sua cabeça doía muito, sentia sua existência coagulada; quando seus olhos se acostumaram com a escuridão viu um feixe radiante de luz que ofuscou sua visão e antes que se esvaisse, completamente, dentro daquela escuridão, caminhou naquela direção.
Viu um vagalume, a alvorada chegava, seu vigor renascia.
Quando olhou para trás, viu o túnel desmoronar e fechar-se. Pegou um pedaço do brasão, era amarelo.
Respirou profundamente e em seu fastio lembrou-se de quem era e que sua pequena casa a esperava para colorir sua solidão.
TEREZA! Esse era o único nome que, realmente, deveria lembrar.