viernes, diciembre 29, 2006
domingo, diciembre 24, 2006

Eu que um dia quis saber
Quem sou
Nada mais quero de mim
Eu que me pretendi repleto
Hoje amanheço incompleto de mim
Eu que vivi em refúgios
Hoje refugo remelas de dores e álcool
Eu que me declarei ao nada
Busco ser esquecido
Eu que procuro por mim minha vida inteira
Me faço metade
Inconstante
De coisas em caixa de brinquedo de criança.
domingo, diciembre 17, 2006

Manchada de tinto seco, Gertrudes sublimava as conversas fúteis e inúteis, não tinha paciência com figuras sedentas de verdes valores.
Mesmo manchada de tinto seco naquele ambiente burguês, loiro, liso e escorrido, Gertrudes tentava se divertir ouvindo as conversas sobre o mais lindo modelo de celular com 2 gigas de memória. Passava gelo em sua roupa para evitar manchas que a macularia(m).
O jantar acabou e Gertrudes um pouco mais seca, respingada de carmim é esquecida na porta, afinal o verde para Gertrudes é, principalmente, a cor que sai do seu sorriso noturno.
Suaves lágrima emudecemram seu olhar. Percebeu que ali seus sorrisos, suas convicções eram banais; loucura, silêncio, Antonioni, Freud, Foucault, filosófos, Poinê, Eumônia, Caos, valores coloridos, Lacan, Praia Grande, tambor, Arthur Bispo do Rosário, estética, poética, Philotes, a Fada, um artista, a Menina das Metáforas Amarelas, cada menino, cada menina, que tudo, tudo isso não servia naquele lugar.
sábado, diciembre 16, 2006
miércoles, diciembre 13, 2006
Ausência
sábado, diciembre 09, 2006
SER OU NÃO SER DE NINGUÉM (Arnaldo Jabor)
"... eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também..."
No entanto, passado o efeito da manguaça com energético, e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração tribalista se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas
animadíssimas é legal? Evidente que sim.
Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que toda ação tem uma reação? Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua,
namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja, é preciso comer o bolo todo e, nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber
se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram.
"Ficar" também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.
Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que
namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim, como só deseja a cereja do bolo tribal, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas, e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que amar se aprende amando. Assim, podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram
passados. Somos livres para optarmos.
E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico
e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da tão sonhada felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as
surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém,
é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida SOLIDÃO... Seres humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que se unir ao outro"
viernes, diciembre 08, 2006

“pois bem, imerso na minha pintura, na pintura como um labirinto de saídas, às vezes palpáveis, às vezes impalpáveis. Perdemos, nós, os chamados modernos, uma maneira de fruir melhor a vida. Penso da forma como nos relacionamos com as coisas e os seres. Hoje muitos poucos sabem de si (como antes), muitos poucos têm a paciência para perscrutar os seus pensamentos, para depurá-los. É verdade que eliminamos algumas coisas supérfluas, mas hoje estamos abaixo do essencial, perdemos para o rés-do-chão...”
O jogo não o contamina, seu circulo gira no sentido antí - vício, antí - ócio, ou pelo menos pensa que assim o fez; também tem seus fantasmas. No fundo detesta tudo aquilo, no fundo despreza o mundo, mas o habita com despudor. Sua mente é o retrato de um átomo, com partículas movimentando-se com tanta velocidade que não sabemos se por lá passaram, mas existe sempre a probabilidade do não: não ao envolvimento, não à hipocrisia, não à mentira, não a esse mundinho medíocre que vive.
OBS: a importância do artista está em sua obra.

Aguçava seus ouvidos para ouvir o silêncio dos buracos da casa... Acabou por encontrar seu retrato preto e branco fincado na casa com buracos na parede.