
Li, recentemente, um email que me enviaram dizendo que sou uma pessoa que cobra demais carinho das outras pessoas, que sempre estou mal e como sou feliz no orkut.
Achei graça dessa descrição sobre a minha pessoa. O que deu pano pra manga pra eu muito refletir. Parece-me que é ai que mora o perigo dos melancólicos: pensamos demais, refletimos demais.
Enfim, nessas reflexões, até levei em consideração o fato "de estar sempre mal" e tentei ser "mais alegre", como se minha esponteineidade natural, já não abafasse minhas dores e mágoas. Quem são as pessoas que, realmente, me conhecem? As pessoas com quem converso e sabem da "real" face de mim mesma?
Enfim, sendo "mais alegre" para as pessoas que não gostam de tristezas, melancolias, angústias e sensações de vazio, fui ficando mais melancólica e angustiada. Algo só de mim, para mim.
Em relação à cobrança de carinho e ser feliz no orkut. Refleti sobre isso, mas não vou falar disso agora, apenas que cometerei o orkutcídio.
Nessa sensação melancólica de que devemos parecer bem para os outros, parece-me que depende de nossa alegria, a alegria de outrem, acordei no último domingo bem chateada, até por alguns fatos ocorridos no sábado.
Calada em casa, dormindo muito e dando conta de minhas obrigações, resolvi, à tarde, ir ao cinema. Sozinha! (O que pode causar surpresas em algumas pessoas).
A sessão começou às 16h30 minutos. The Bubble, um filme iraniano que eu já estava a fim de assistir há algumas semanas.
Quando a sessão acabou eu estava completamente arrasada, tão arrasada quanto a última cena. Te Bubble devastou-me!
Vazia. Desnorteada. Com o pranto engasgado na garganta. Minhas pernas tremiam.
Como a bomba, The Bubble fez-me repensar tudo. Na verdade, o filme fez-me perceber que nada vale a pena. Desacreditei em tudo, mais uma vez.
Caralho! Fazia tempo que nada do que eu lia ou assistia causava-me uma sensação de catarse tão grande! Não quero discutir aqui as relações de direção, roteiro, filmagens e etc... Mas, sim que merda de vida é essa que temos? Para que tantos sonhos? Para que tantas discussões? Para que fugir tanto dos outros? Para que, para que...? Nada faz sentido, nada faz sentido!
Estou fazendo algo neste blog que nunca havia feito: falar em primeira pessoa e contar algo meu como eu mesma. A Face de Hérika. Não adiantaria Fada, Tereza, Gertrudes ou Atlas irem ao cinema, EU fui ao cinema, eu fui colocada em xeque, o vazio existencial produzido, foi comigo.
Nada do que eu acredito foi salvo após o filme. Na saída do cinema acendi um cigarro e fui andando desolada, com uma vontade enorme de chorar, minhas pernas trêmulas, meu coração batendo acelerado, as palavras haviam perdido o sentido, e então encontrei alguém que mexe com meu imaginário de desejo. Quando o vi percebi que não valia a pena lutar por ele, quando o vi não tinha palavra alguma para ele, a não ser um "oi" e um "caralho..., vou pra casa", mas esta frase, para mim, está carregada de outros significados (ou seriam significantes?) O que merece minha atenção? Se nada mais vale a pena.
Independente dos conflitos pessoais e/ou nacionais, para que um sacrifício? Independe de ser hetero ou homo, ser branco ou preto, ser judeu ou palestino, ser traficante ou morador da favela... somos iguais em qualquer lugar, lutamos pelas mesmas causas, pela paz, pelo amor, pela compreensão... Para quê?
Melhor seria, realmente, explodir-me.
Afinal, será que, ainda, tenho alguma chance neste mundo?
Assistam The Bubble! Ele sim merece a nossa atenção!